De 14 de Setembro a 13 de Outubro
ARTISTAS:
Amy Youngs
Andrew Carnie
Joana Ricou
Ken Rinaldo
Manuel Furtado
Maria Francisca de Abreu-Afonso
Marta de Menezes e Luís Graça
Pedro Miguel Cruz
Paul Vanouse
Ken Rinaldo | Borderless Bacteria, colonialist cash
Numa única sucursal de um banco em Manhattan em Nova Iorque foram identificados mais de 3000 tipos de bactérias em notas de dólar. A maioria das bactérias encontradas foram micróbios presentes na pele, na boca e na vagina, de acordo com um estudo conduzido pelo New York University Center for Genomics & Systems Biology. Estas culturas bacterianas, fungos e vírus procuram uma boleia nos sistemas de troca monetária e não respeitam nem compreendem fronteiras. Não há vistos ou passaportes para micróbios que se passeiam nas mãos, narizes e genitais dos seres humanos. O dinheiro viaja livremente a nível nacional e internacional. O dinheiro é um vector de culturas biológicas negociadas globalmente. Possui memórias simbólicas e formais de um passado colonialista, bem como uma presença colonialista emergente, impulsionada tanto pelos micróbios como pela análise psicométrica de dados. Como o dinheiro é um poderoso significante de identidade e nacionalismo, para além de um método de troca mercantil, incorpora também crenças constitucionais e invocações icónicas de riqueza e confiança nacional. O dinheiro representa actualmente todas as divindades e símbolos do poder nacionalista.
Os micróbios são, de facto, os colonizadores originais a tantos níveis que podemos mesmo mapear as suas origens no reino dos eucariotas. O russo Konstantin Mereschkowski investigou e criou as primeiras teorias de simbionogénese e endosimbiótica como forma de explicar a origem e a evolução das células eucariótas. Mais tarde, Lynn Margulis avançou e fundamentou cientificamente novas linhas teóricas da simbionogénese que afirmam que os organismos procariotas ao longo do tempo se transformaram em organelos (nomeadamente mitocôndrias) da célula eucariota. As culturas bacterianas, fungos e vírus não têm fronteiras, não há vistos, passaportes ou muros que os parem.
Bio | Ken Rinaldo é internacionalmente conhecido pelas suas instalações interativas que esbatem as fronteiras entre o orgânico e o inorgânico e abordam o tema da coevolução entre as culturas vivas e as culturas tecnológicas em evolução. As suas obras interrogam estas fronteiras pouco claras e Rinaldo defende que, à medida que vão surgindo novas espécies maquínicas e algorítmicas, é necessário compreender melhor as complexos ecologias interligadas que são postas em causa por estas espécies maquínicas semivivas. Tanto o seu trabalho mais antigo como as suas obras recentes focam-se na comunicação entre as espécies e em métodos de investigação para capacitar e compreender os animais, os insetos, as bactérias e a emergente cognição artificial. Ken Rinaldo é professor de tecnologia e práticas artísticas contemporâneas no College of Arts and Sciences da Universidade de Ohio, com um interesse especial pela sustentabilidade, comunicação entre espécies, robótica, bio-arte, modelagem 3D e animação. É diretor do Programa de Arte e Tecnologia na mesma universidade.
Amy Youngs | Stomatal
Ver de onde vem o oxigénio é uma experiência íntima. Mantenho-me imóvel – mas ainda tento respirar – vejo a luz que viaja entre as lentes depois de ter passado pela abertura estomática de uma folha de Jacarandá impressa. As bocas microscópicas da planta são reveladas. Os lábios de Jacarandá fazem-me suster a respiração.
Bio | Amy Youngs é uma artista plástica com peças de bio arte, esculturas interativas, a utilização de publicas câmaras de e trabalhos que exploram a relação complexa entre a tecnologia e o ser e natureza. A sua pesquisa centra-se na interações entre animais e plantas, na construção de ecossistemas e o âmago das maquinas.
Young apresentou o seu trabalho internacionalmente em espaços como o Museu Te Papa na Nova Zelândia, o Centro de Artes Eletrônicas de Trondheim na Noruega, a Bienal de Artes Eletrônicas na Austrália, o Centro Andaluz de Arte Contemporânea na Espanha e no Peabody Essex Museum em Salem , MA. Ganhou um prémio como artista individual do Ohio Arts Council, tendo contribuído para a edição de publicações interdisciplinares, como Leonardo e o livro recente, Robots and Art. O seu trabalho foi descrito em livros como Art in Action, Nature, Creativity & our Collective Future. Trabalhou no Australian Centre For the Moving Image in Melbourne, Australia and the Walker Art Center in Minneapolis, MN. Nasceu em Chico, California e mudou-se para San Francisco, onde se licenciou em arte na San Francisco State University. Desde 2001 que integra a faculdade da Ohio State University, onde trabalha como Professora Associada de Arte, como responsável por projetos interdisciplinares e disciplinas de imagem em movimento, arte ecológica e arte / ciência.
Paul Vanouse | Labour
A que a cheira a exploração? O projecto “Labour” é uma instalação de arte que enche a galeria com a manifestação visual do odor de pessoas que se encontram sob stress. Este projecto reflecte poeticamente e questiona a mudança que houve na sociedade industrial e pós-industrial, do trabalho humano e mecânico para formas cada vez mais penetrantes de produção microbiana, e assim contemplando as fronteiras em mudança do que é “ser humano”.
O cheiro do suor é, literalmente, o cheiro de duas espécies de bactérias que se alimentam das excreções do corpo humano e que produzem os aromas acre e azedo que nos são familiares. Nesse sentido, o odor do trabalho não é realmente um cheiro humano, a menos que se redefina o que constitui um ser humano.
Isto pode parecer chocante, já que a maioria das pessoas pensa que o seu cheiro é parte de sua própria condição natural – ou seja o seu cheiro é o seu cheiro. Mas, de facto, é muito mais complexo: um cocktail de micro organismos que habitam os nossos corpos são os culpados que determinam essa característica “humana” bastante distinta. Mas é indiscutivelmente mais do que apenas descobrir que se cheira mal: um estudo recente determinou que “em média, qualquer pessoa têm 182 espécies de bactérias, em qualquer altura, nos seus antebraços, e cerca de 8% delas nunca foram formalmente identificadas por cientistas. “(The Independent, 2007). Estas descobertas sobre o grande número de criaturas que vivem nos nossos corpos perturbam qualquer conceito reduzido de humanidade, uma vez que estas células superam muito as células humanas e diferem de pessoa para pessoa muito mais do que as células humanas.
Neste contexto, o conceito do que, exactamente constitui uma pessoa está novamente sob o microscópio, não apenas para cientistas, mas para a cultura em geral. Durante séculos temos debatido quem é considerado uma pessoa e quando: é uma questão que domina o discurso político nos últimos séculos devido à ligação ao trabalho e à liberdade no mundo pós-renascimento.
Este projecto dá continuidade a um processo que se questiona sobre estas questões e, em particular, analisa como estão vinculadas ao trabalho. Desde a industrialização, o modelo da fábrica evoluiu do trabalho humano, para o trabalho mecânico e no século XXI para a produção microbiana.
Hoje, a vida não humana é produzida para uma ampla gama de produtos, incluindo enzimas, alimentos, bebidas, matérias-primas, combustíveis e produtos farmacêuticos. Em muitos casos, novas espécies geneticamente modificadas foram inventadas para um objectivo específico que produzem continuamente. Em alguns casos, os próprios micro organismos são os produtos finais, noutros a sua respiração origina produtos que por vezes são colhidos para integrarem outros, tais como sequências genéticas, anticorpos ou proteínas. Estes novos organismos vivem literalmente para trabalhar. Esses processos industriais apontam para o aprofundamento da exploração da vida e dos processos vivos: design, engenharia, gestão e o aumento do grau de comodidade da própria vida.
Eu associo “fábricas” com as casas de trabalho dos livros de Dickens, do século XIX e as fábricas neo coloniais em que os humanos trabalham nos limites da sua força física e emocional para produzir bens materiais. A intenção do meu projecto é, paradoxalmente, produzir o cheiro desse trabalho humano como produto final, e não como subproduto ou desperdício supérfluo. A premissa é que, ironicamente, lamentamos a perda de empregos na fábrica devido à terciarização da economia, e o cheiro desse trabalho é optimista e sentimental.
Bio | Paul Vanouse é um artista que trabalha em novos Media. A sua práctica é guiada por uma interdisciplinaridade radical e um amadorismo apaixonado. Desde o início dos anos 90 que o seu trabalhpo tem explorado assuntos complexos com origem várias novas tecno-ciências, usando-as como um medium. Os seus trabalhos têm incluído mecanismo de recolha de dados que examinam as ramificações de polling (informática) e categorização e experiências na área da genética que tornam irrelevantes as construções científicas de raça e de identidade, e organizações temporárias que zombam criticamente com a institucionalização e a corporativização. Estas “Ficções Operacionais” são entidades híbridas simultaneamente objectos reais e representações elegantes, cujo objectivo é ecoar também o contexto hiper-real da paisagem electrónica contemporânea.
Andrew Carnie | Soul trace
Hybrid Bodies é um projeto multidisciplinar de pesquisa e criação artística, que engloba Arte, Ética, Medicina e Ciências Sociais para investigar as complexidades do transplante cardíaco. Além de sua função anatómica, o coração tem também um imenso significado pessoal, encontra-se no centro da mais antiga procura da personalidade humana: “Quem sou eu?”. Os avanços tecnológicos dos transplantes médicos levantam questões urgentes sobre integridade corporal, identidade pessoal e relacionamento entre receptores e seus dadores. Atualmente, as equipas de investigação concentram-se maioritariamente na experiência das famílias de dadores durante todo o processo de transplante, avaliando as relações (ou, às vezes, a falta delas) entre famílias de dadores e receptores de transplantes de órgãos. Este projeto cria um trabalho que procura dissecar os conceitos de entrega, obrigação, reciprocidade, benevolência e, especialmente, questões complexas que obrigam ao anonimato forçado dos dadores de órgãos.
Soul Trace é uma instalação evolutiva que vai sendo alterada em resposta aos filmes de membros da família doadora, em que estes descrevem as suas experiências durante o processo. O trabalho deve ser visto como uma peça em três partes apresentada simultaneamente em diferentes cidades, municípios ou países. Todos os trabalhos são semelhantes, mas as imagens mudam.
Bio | Andrew Carnie nasceu em 1957 e vive e trabalha em Winchester e Londres como artista e professor universitário. Estudou química e pintura na Warren Wilson College, Carolina do Norte, e depois, zoologia e psicologia na Universidade de Durham, antes de concluir a licenciatura em Belas Artes no Goldsmiths College e um mestrado em Pintura no Royal College of Art. Interessa-se por diversos campos científicos, integrando-os nas suas intalações. Para Head On “, um espectáculo em neurologia no Museu da Ciência (em colaboração com a Wellcome Trust) produziu uma série de peças de centrados em torno de memória, do cérebro, e da neurociência, em parceria com neurocientistas do Centro de Pesquisa Médica para Developmental Neurology, Kings College, em Londres. O trabalho foi apresentado no Museu da Ciência de Londres em Março de 2002.
Pedro Cruz | Natureza morta viva
Bio | Pedro Miguel Cruz é formado em Engenharia Física pela Universidade Técnica e Doutorado em Informática pela Universidade de Coimbra. É designer especializado em visualização de dados, tendo passado por Cambridge nos Estados Unidos e no MIT SENSEable City Lab. Tirou o mestrado em “Visualização de Informação e Estética” na Universidade de Coimbra, onde também é Professor Assistente e investigador do Laboratório de Design e Visualização Computacional no Centro de Sistemas e Computadores Universitários.
Dos seus projetos os mais conhecidos são “Visualização do declínio de Impérios” (um projeto de visualização de informações que narra o declínio dos quatro principais impérios marítimos dos séculos XIX e XX – Portugal, Espanha, França e Grã-Bretanha), a “Visualização do trânsito de Lisboa “e” Assinatura da Humanidade “. O primeiro foi selecionado pelo Festival de animação em computador SIGGRAPH de Los Angeles em 2010, enquanto o último ganhou-lhe uma menção honrosa do MiniMax Mapping Contest da Ecole Polytechnique Fédérale de Lausanne e uma exibição na exposição MoMA, “Talk to Me”, em 2011. O terceiro foi apresentado no keynote da Ericsson no Consumer Electronics Show em Las Vegas, em 2012.
Em 2013, foi nomeado pelo Corriere della Sera como um dos 10 designers de visualização mais influentes do mundo e, em 2014, ganhou um prêmio na Bienal Ibero-Americana de Design na categoria “Movimentos Sociais”. Os seus projetos mais recentes centram-se na ligação entre políticos e economia no pós-25 de abril, “Um Ecossistema Político e Empresarial”.
Marta de Menezes e Luís Graça | Evolution on a plate
A evolução foi definida, desde Darwin, como descendência com modificação. Organismos com períodos de vida muito curtos, como bactérias, podem oferecer uma oportunidade de ver a evolução ao vivo, em frente dos nossos olhos. Esta instalação com bactérias vivas revela ao longo do tempo as colônias de Escherichia Coli que vão ganhando resistência aos antibióticos.
Bio | Marta de Menezes (n. Lisboa, 1975) é licenciada em Belas Artes pela Universidade de Lisboa, e tem um mestrado em História de Arte e Cultura Visual pela Universidade de Oxford. E é desde 2007 aluna de Doutoramento na Faculdade de Humanísticas na Universidade de Leiden. Nos últimos anos tem vindo a explorar a interacção entre Arte e Biologia, trabalhando em institutos de investigação científica demonstrando que as tecnologias biológicas podem ser utilizadas como media para criação artística. Em 1999 Marta criou o seu primeiro projecto de arte biológica (Nature?) ao modificar o padrão das asas de borboletas vivas. Desde então tem utilizado diferentes técnicas biológicas incluíndo Ressonância Magnética Funcional do cérebro para criar retratos onde a mente pode ser observada (Functional Portraits, 2002); fragmentos de ADN fluorescentes para criar micro-esculturas no núcleo de células humanas (NucleArt, 2002); esculturas feitas com ADN (Inner Cloud, 2003) ou com neurónios vivos (Tree of Knowledge, 2005) e pinturas degradadas por bactérias (Decon 2007). O trabalho da artista tem sido apresentado internacionalmente em exposições, publicações e palestras.
Bio | Luís Graça é médico, com doutoramento em imunologia da transplantação pela Universidade de Oxford, onde realizou um pós-doutoramento e ensinou. É atualmente Professor de Imunologia na Faculdade de Medicina de Lisboa, e dirige um grupo de investigação no Instituto de Medicina Molecular. As suas contribuições científicas mais significativas têm sido relacionadas com o desenvolvimento de estratégias para ensinar o sistema imunitário a não atacar órgãos transplantados, isto é, ensinar tolerância. Este é também o objecto de estudos em curso em alergia e em doenças nas quais o sistema imunitário ataca o próprio organismo (doenças autoimunes). Tem mais de 60 publicações científicas, com mais de 2500 citações e três patentes. Nos últimos anos tem estado envolvido em iniciativas que exploram a interseção da arte e ciência, tendo colaborado com diversos artistas. É fundador da Cultivamos Cultura, uma associação que promove o desenvolvimento de projectos experimentais em artes visuais.
Maria Francisca de Abreu-Afonso | Cabeças Falantes
Nunca estou sozinha. Nunca estou sozinha, mesmo quando estou desacompanhada.
Nunca estou calada. Nunca estou calada, mesmo quando estou em silêncio.
Não sei o que é a solidão.
A minha cara fala por mim, mas a minha cara não é minha. Ou antes, a minha cara não é só minha. E, por isso, não sei o que é a solidão.
Em mim, comigo, vivem mil seres.Eu: demasiado grande para que eles me reconheçam. Eles: demasiado pequenos para que eu os reconheça.
(con)Vivemos num jogo de visibilidade, invisibilidade. Como fantasmas.
Eles são fantasmas que vivem na minha casa — sempre presentes e, ao mesmo tempo, sempre ausentes. Na minha casa. Na minha cara.
Cabeças Falantes surge precisamente dum jogo entre, e sobre, fantasmas.Esta é uma série de retratos, em esculturas de agar-agar e de micro-organismos recolhidos da face de cada um dos indivíduos retratados. O rosto é uma ferramenta comunicante: olha, acena, sorri, fala — fala. O que pode ser um rosto, quando estático numa escultura? Ele: não olha, não acena, não sorri, não fala — não fala. É um rosto silencioso, sem vida.
Em Cabeças Falantes encontramos também um retrato duma pessoa sem vida, mas não inteiramente. Retira-se a pessoa, mas a flora da sua pele mantém-se. E essa flora, esses mil seres, ganham espaço para se mostrarem. Assim, assistimos a uma inversão da fantasmagoria. A pessoa, geralmente sujeito, torna-se fantasma. Os mil seres, geralmente fantasmas, tornam-se sujeitos. É certo — uma escultura não olha, não acena, não sorri, não fala. Numa escultura, a pessoa já não existe. Porém, Cabeças Falantes são a pessoa. Ou, pelo menos, parte dela. Ou, pelo menos, os seres que com ela vivem.
Bio | Maria Francisca de Abreu-Afonso nasceu em Agosto de 1994, em Lisboa. Viveu e estudou em Lisboa, onde, paralelamente ao ensino convencional, se dedicou à música, dança, teatro e ilustração. Licenciou-se em Biologia na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (2012-2015). Em 2014/2015 viveu em Bruxelas e, como parte do programa de estudos, deslocou-se à Guiana entre Novembro e Dezembro de 2014. Esta expedição fê-la questionar os moldes nos quais queria fazer Biologia. Após a licenciatura, fez um ano sabático no qual trabalhou numa equipa científica de Ecologia Marinha e Alterações Climáticas (Instituto MARE) e envolveu-se em inúmeros projectos, sendo o mais importante Reich der Möglichkeiten: intermitências da percepção (com Clemens Schöll). Actualmente, frequenta o mestrado de Arte Multimédia, com especialização em Fotografia, na Faculdade de Belas-Artes de Lisboa. As suas peças desenvolvem-se a partir de questões científicas, problemas ecológicos e dilemas científico-filosóficos, que são trabalhados plasticamente.
Manuel Furtado | Olhar e Ver
A colagem digital Olhar e Ver é baseada em imagens de microscopia electrónica de varrimento e numa fotografia de família antiga. Este trabalho pretende provocar a ponderação do acto de Olhar enquanto acto expressivo e o acto de Ver como um acto introspectivo ou de compreensão do objecto. Pela profusão, multiplicidade e sobreposição de elementos fica implícita a hiperestimulação a que estamos sujeitos no contexto digital contemporâneo por um lado e por outro a falta de divulgação da beleza incontornável presente em várias investigações científicas, neste caso particular o foco foi o escultórico e o contraste da textura da imagem de enorme poder de resolução, em contraste (ou continuidade) com as rugas do papel fotográfico antigo digitalizado que encerra um olhar afectivamente relevante.
Bio | Manuel Furtado (n. Lisboa, 1980) vive e trabalha em Lisboa. Iniciou o projecto MUTE em 2014 que dirige e programa até ao momento presente tanto na sua vertente expositiva, pedagógica e de residências artísticas internacionais (www.muteart.org). Mestrado em Instalação pela Central Saint Martins School of Arts (2007) e licenciatura em Escultura pela Coventry University (2005). Investiga, ensina e expõe desde 2003 na área da escultura, instalação, fotografia e pintura. Trabalhou com a Galeria Edge-Arts e com a Galeria Sopro entre 2008 e 2014. Ensinou cursos práticos e teóricos de artes visuais na Escola Arte Ilimitada de 2008 até 2016. Estudou medicina durante 2 anos na Faculdade de Medicina de Lisboa e frequentou o 3º ano no curso de Engenharia Biológica Instituto Superior Técnico. Concebeu com a equipa curatorial do FACTT os temas e conteúdos do festival. Encontra-se a ensinar cursos teóricos na Mute e na Summer School da Universidade de Massachusetts na Cultivamos Cultura. Realizou múltiplas encomendas de grandes dimensões tanto em inglaterra (Parque deCciência de Warwick, 2004), coleccionadores privados (incluindo uma escultura de grandes dimensões-2009, e uma intervenção arquitectónica, 2012) e mais recentemente uma escultura para o Hotel Cheese & Wine em Santos, Lisboa (Escultura em betão e cobre, 2017).
Joana Ricou | The Bellybutton Portrait Series
Bellybutton Portrait Series (Série de Retratos do Umbigo) é uma instalação e uma performance participativa que convida os visitantes a considerar outros “eus”, partes do seu corpo que não são humanas. O objectivo é fazer reflectir sobre a conecção existente entre todas essas identidades/entidades, o mundo à nossa volta e os nossos progenitores.
Cada retrato é uma pintura viva criada com outros “eus” do retratado. A pintura viva é uma cultura de bactérias e outros seres vivos recolhidos no umbigo do sujeito. Pensa-se que esse microbioma é tão específico de cada pessoa como a sua impressão digital e que terá origem no nosso ambiente e na nossa mãe. O umbigo, biologicamente e simbolicamente, significa a individualidade e também a conecção às nossas mães. Cada retrato gerado é claramente único – mas de quem será? Talvez do individuo, da sua mãe ou do seu mundo?
Bio | Joana Ricou trabalha na interseção de arte e ciência como artista e como consultadora criativa em educação. Já colaborou e exibiu em galerias, museus e universidades como o Andy Warhol Museum, Ponce Museo de Arte (Puerto Rico), Carnegie Science Center, New York Hall of Science, Harvard University e Children’s Museum of Pittsburgh, entre outros. O seu trabalho foi premiado com uma fellowship do STUDIO for Creative Inquiry de Carnegie Mellon University e um Spark Award do Sprout Fund em 2012. O seu trabalho explorando o microbioma como meio artístico foi apoiado com uma comissão do Eden Project e Wellcome Trust (2015) e de North Carolina Museum of Natural Sciences (2016). A Joana tem um Bachelor of Sciences and Arts de Carnegie Mellon University (2004) e um MS em Multimedia Arts de Duquesne University (2009).
FACTT – Lisbon
Video por Arte Institute, Setembro de 2017
FACTT – NY
Video por Arte Institute, Julho de 2017